CRM-PB interdita postos de saúde em Alhandra por falta de segurança
O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB)
interditou eticamente as unidades básicas de saúde da família Oiteiro 1 e 2, no
município de Alhandra, a 45 km de João Pessoa, no final da manhã desta
sexta-feira (18). Os motivos da interdição foram falta de segurança, falta de
respeito ao profissional, intimidação e agressão verbal ao médico. Na tarde da
última quinta-feira (17), uma médica foi agredida por um vereador do município,
no momento que estava consultando uma adolescente de 14 anos. A interdição
ética médica tem início na 0h deste sábado (19).
O diretor de Fiscalização do CRM-PB, João Alberto Pessoa,
esteve no município de Alhandra na manhã desta sexta-feira e checou os fatos
ocorridos ontem, comprovando a falta de segurança na unidade de saúde. “Os
médicos só poderão voltar a trabalhar no local quando a sua segurança e a dos
pacientes estiver garantida. Em conversa com a equipe da unidade, soubemos que
esta não é a primeira vez que situações como esta ocorrem”, disse.
Os dois postos de saúde atendem diariamente cerca de 100
pacientes que deverão se deslocar para outra unidade até que o problema seja
resolvido. Ele ressaltou ainda que a interdição ética impede, exclusivamente, o
médico de atender nas unidades de saúde.
Além de realizar a interdição, o CRM-PB solicitou que seja
providenciada segurança policial nas unidades e que a Câmara de Vereadores
emita uma nota de desagravo em favor da equipe de saúde da unidade. Junto à sua
assessoria jurídica, o CRM-PB também está analisando outras medidas, como a
possibilidade de ingressar com uma ação civil pública, que assegure melhores
condições de trabalho para os profissionais de saúde e garanta um atendimento
de qualidade para a população.
O presidente do CRM-PB, Roberto Magliano de Morais,
acrescentou que, no ano passado, o conselho realizou uma pesquisa com 395
médicos paraibanos que relataram o aumento de agressões no ambiente de
trabalho, principalmente no serviço público. Dos entrevistados, 73,9% afirmaram
já ter sofrido algum tipo de violência onde trabalham.
“O sucateamento da saúde pública tem gerado essas situações
de violência. Revoltados com a demora no atendimento e a falta de estrutura das
unidades públicas de saúde, pacientes e acompanhantes cometem agressões contra
os profissionais responsáveis pelo atendimento, como se eles fossem os
responsáveis pelos problemas existentes”, afirmou Roberto Magliano.
Falta de segurança
também em Condado
Nesta sexta-feira (18), o CRM-PB também interditou
eticamente a Unidade Básica de Saúde da Família do município de Condado, a 345
km de João Pessoa. No local, o CRM-PB verificou a falta de segurança para as
equipes de saúde. O médico e os enfermeiros vinham sofrendo agressão verbal por
parte da equipe da administração municipal. Por este motivo, os profissionais
médicos da unidade de saúde só poderão retornar ao trabalho após a resolução do
problema.
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