Supostos hacker relata a juiz 'agressões verbais' de policiais federais
Em audiência na Justiça
Federal, nesta terça, 30, o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen
Priscila Oliveira - presos na Operação Spoofing, que mira invasores de de celulares de
autoridades - alegou 'maus tratos' da Polícia
Federal. Eles disseram que foram 'agredidos verbalmente, enfrentaram
constrangimentos e não tiveram direito de telefonar para o advogado'.
Suelen chorou bastante, disse que passou frio e não teve
acesso a itens básicos de higiene como absorvente. Gustavo falou que teve de
ficar nu e algemado por mais de 10 minutos, pois a Polícia Federal não lhe
teria deixado vestir-se em sua residência.
Eles foram presos às 8h da manhã na última terça-feira, 23,
em São Paulo como parte da investigação sobre o hackeamento de aparelhos de
telecomunicação e do aplicativo Telegram do ministro Sergio
Moroe de até 1000 números telefônicos.
Relatório de Informação Financeira, da Polícia
Federal, aponta que o casal tinha renda mensal de R$ 5.058, mas em dois
períodos, de abril a junho de 2018 e de março a maio de 2019, movimentou R$ 627
mil.
"Me trataram mal, fizeram piadinha comigo, eu nunca fiz
nada para ninguém, nunca fiz nada. Deus sabe de todas as coisas. Trataram a
gente supermal. Eu fiquei sem papel higiênico e tive de tomar água do chuveiro",
relatou Suelen ao juiz Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal no
Distrito Federal.
Ela afirmou também que não tem envolvimento com a invasão de
celulares. "Meu marido e eu não temos nada a ver com isso", afirmou.
Gustavo Henrique, o 'DJ Guga', se disse 'psicologicamente,
muito agredido'. "Chamado de bandido, hacker, e outras coisas
desnecessárias para uma investigação", relatou.
Segundo ele, as agressões vieram de policiais que efetuaram
a prisão em São Paulo. "Entraram em casa, já foram agredindo verbalmente.
E desde o momento que estouraram a porta, e eu tava dormindo, eu fui agredido
verbalmente. E eu estava colaborando", disse.
Sem alegar agressão física, Gustavo disse que foi algemado
durante o transporte até Brasília. E disse que, após transferência a Brasília,
ficou sendo alvo de 'piadinhas'.
"Teve bastante. Que eu ia invadir não sei o quê. No
sentido que teve nessa história de hacker, de 'não olha meu nome se não vai
pegar meu nome'".
Também questionado se teve direito a falar com o advogado,
Gustavo afirmou que não.
"Disse que queria falar com advogado, ver o que tava
acontecendo. E a primeira coisa que falaram foi: você é o hacker. Não me deram
oportunidade de ligar. Só na delegacia quando o meu advogado ligou para lá e
pediu para falar comigo, é que permitiram", disse Gustavo.
Suelen também disse que não deixaram fazer ligação. "A
gente preocupado em falar, e não deixaram. Só deixaram mais tarde umas dez
horas da noite. E aí eu liguei para o Ari, meu advogado", disse.
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